• search
  • Entrar — Criar Conta

Um presidente de Marte

Articulista de Navegos toma a defesa do presidente Jair Bolsonaro e denuncia complô contra a governabilidade que põe em risco a Pax Pública, a lei e a ordem.

*Nadja Lira

Confinada dentro do meu quarto, obedecendo às recomendações do poder público local relacionada à pandemia do Coronavírus, sobra-me tempo para pensar em inúmeras coisas. Desse modo, chego à conclusão de que o Brasil realmente está governado por um extraterrestre. Onde já se viu um presidente defender a família, despertar orgulho no povo brasileiro e posicionar-se contra o aborto? Isto só pode ser coisa de louco. Quem ele pensa que é para formar um ministério escolhendo somente técnicos por sua capacidade comprovada? E mais: como pode tentar criar uma nova forma de governar sem o tradicional jeitinho brasileiro do “toma lá, dá cá”? Decididamente, este sujeito só pode ser de Marte.

Nunca antes na história desse País, se viu um presidente ficar mais de um ano no poder, sem ter seu nome envolvido numa negociata, num escândalo envolvendo dinheiro público ou numa licitação fraudulenta, conforme ocorre com o atual presidente da república. É por isso que não resta dúvida: Este sujeito só pode ser de Marte.

Desde que assumiu o comando da Nação, ele fechou a torneira financeira com a qual boa parte de recursos nacionais eram enviados para a Venezuela, Cuba, Bolívia e vários países africanos, onde imperam as mais antigas formas ditatoriais do planeta. Na Angola, por exemplo, o BNDES tornou os contratos sigilosos e as condições de financiamento, prazos e taxas de juros permanecem em segredo absoluto.

Do mesmo modo, a torneira que jorrava dinheiro vivo para a Imprensa Marronzista também foi fechada. Esta Imprensa do mal era muito bem remunerada para fechar os olhos e não noticiar os negócios espúrios praticados pelos políticos na calada da noite. Mas, o sujeito de Marte, com o aval de 57 milhões de brasileiros, acabou com a brincadeira e por isso só leva pedrada de jornalistas e blogueiros. Só mesmo sendo de Marte aturar esses jornalistas marrons.

Não satisfeito, ele ainda acabou com a farra promovida pelas empreiteiras, velhas conhecidas dos brasileiros, pelo superfaturamento praticado em suas obras. O extraterrestre dá preferência aos serviços executados pelo Exército Brasileiro, cujo trabalho não pode ser superfaturado, tem mais garantia e durabilidade, já que o Exército Brasileiro não usa Sonrisal tampouco Açúcar nas obras que são realizadas.

Pela primeira vez na História do Brasil, um presidente não tem medo de falar aquilo que pensa. Mas tudo isto tem um preço alto para ele, que é apedrejado, humilhado, achincalhado e desrespeitado. Qualquer asneira que ele diga eventualmente, se transforma em pauta e a notícia internacional está garantida. Cada fala, discurso, atitude ou pronunciamento dele é analisado por linguistas, psicólogos, catedráticos, psicanalistas, filólogos, fonoaudiólogos, enfim, um corpo de especialistas analisa tudo nos mínimos detalhes, para interpretar tudo o que foi e o que não foi dito. Só sendo de Marte para aguentar um negócio desses.

Não bastassem as agressões verbais, ele sofreu um atentado, que quase lhe tirou a vida. Por causa do referido atentado, ele já foi submetido a várias cirurgias e a cada dia surge a necessidade de realizar mais uma. Imagino que ele só resiste a tudo isto por ser de Marte.

Embora sendo graduado em Educação Física, esse ser extraterrestre diz algumas besteiras de vez em quando e também é acusado pela Imprensa Marronzista de não saber falar Inglês. Eu não ligo muito, porque já vivi e sobrevivi a um período em que o Brasil foi governado por um completo analfabeto, que mal fala seu próprio idioma – Português – e que se orgulha em afirmar, em cadeia nacional, que não gosta de ler. “Ler é igual andar na esteira. Dá sono”, é o que costuma dizer. Também sobrevivi a uma presidANTA, que saudava a mandioca, que defendia a estocagem de vento e outras asneiras. Logo, posso ouvir algumas baboseiras desse extraterrestre sem problemas.

O sujeito pensa que pode governar sem pagar as propinas exigidas pelos políticos brasileiros. Só mesmo sendo de Marte, para cultivar tal pensamento. Ele tentou aprovação de um projeto eximindo o pagamento das Carteiras de Estudantes no Brasil, tentou reduzir o valor pago pelos motoristas na renovação das Carteiras Nacional de Habilitação, mas o Congresso Nacional não foi regiamente remunerado, então deixou estes e outros projetos caducarem. Enquanto isto, a Imprensa Marronzista, que tem recebido propina, revela-se muda sobre o assunto.

Até o Supremo Tribunal Federal – STF, atua por detrás das cortinas do poder, para desestabilizar o governo. As Redes Sociais denunciam um plano articulado entre os três poderes e mais alguns deputados e governadores eleitos na esteira do nome do presidente, na tentativa de promover um impeachment contra ele. Tudo isto porque no último dia 15 de março, o povo decidiu, por sua livre e espontânea vontade, ir às ruas para reafirmar seu apoio ao extraterrestre.

Uma multidão se formou em frente à residência oficial do presidente extraterrestre e ele, num misto de orgulho, emoção e agradecimento pelo gesto popular, foi ao encontro da multidão onde tirou fotos com alguns. Tal gesto foi o suficiente para que seus adversários políticos o acusassem de disseminar o Coronavírus no País. O extraterrestre tornou-se o culpado por toda a desgraça que se espalha pela nação.

Atualmente, além de ser responsabilizado por espalhar o Coronavírus no País e de querer acabar com os velhinhos, ele também é culpado pela mortandade de zebras, elefantes, focas e ursos polares na Amazônia, pela morte Lampião, Maria Bonita e todo o bando de Cangaceiros, de contribuir para afundar o Titanic e incendiar Roma.

Enquanto curto minha quarentena, analiso os acontecimentos e constato uma coisa: tudo poderia ser mais fácil e simples para este ser que veio de Marte cheio de boas intenções – querendo moralizar um País acostumado à imoralidade. Que fala verdades às quais ninguém estava acostumado a ouvir e que não esbanja dinheiro público à toa.

Para governar em paz, ele precisaria simplesmente comprar os políticos e os jornalistas que sempre estiveram à venda. Logo, logo, o homem de Marte seria aplaudido, elogiado, bajulado, paparicado, enfim, seria considerado o melhor presidente jamais visto na história deste País. Ele seria o melhor presidente do mundo.

Nadja Lira – Jornalista • Pedagoga • Filósofa