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Retrato falado de Bernardo Pimentel

Médico gentil e humanitário, nosso entrevistado viveu grande parte de sua vida entre os pobres, sem pensar em amealhar dinheiro nem explorar a medicina. Por muitos anos foi mu médico e nunca cobrou-me uma receita sequer.

 *Franklin Jorge

Quando nasceu?

Nasci em 08 de maio de 1955.

Onde?

Nasci menino rico e tornei um garoto pobre em Nova Cruz, no alto das flores, na margem direita do rio Curimataú

Como se chamam seus pais?

Minha mãe era filha do professor Celestino Pimentel e da poetisa Anna Lima Pimentel… Era um substrato que suportava qualquer evidência, porque borbulhava dos dois, o talento.

De onde são?

Meu pai era Francisco Bezerra Souto, literalmente um comerciante, sem papel sujo. E a minha mãe era a grande professora de inglês de Nova Cruz: Lia Pimentel Bezerra. Eu sou um médico, o mais simples do mundo, que só aprendi que ganhar dinheiro depois de 60 anos… Me aposentei.  Mas não tenho na minha consciência nenhuma injustiça na minha profissão. Eu fui rei enquanto reinei…

O que você herdou do seu pai?

Meu pai era um comerciante fechado como um cu de lagartixa. Nunca se preocupou com as coisas céleres. Herdei dele a responsabilidade, o equilíbrio, a medida das coisas…

E de sua mãe?

Minha infância foi a glória, foi a melhor fase da minha vida, onde eu tinha uma mãe que soava nos meus ouvidos como um grande pássaro, dizendo, ratificando, meu filho primeiro são os pobres… a prioridade de um homem inteligente são os pobres … eu cresci impregnado desse defeito.

Dê-me fatos para esclarecimento de heranças.

A vida pra mim foi um espetáculo… fui grande, fui pequeno, triunfei, fracassei, mas continuo firme, porque quem me move é a força maior que sempre me regeu: DEUS… pra mim, Deus é que é importante… Não tenho inveja de nenhum ateu.

Quem é você?

Hoje eu vivo de observar, de ler, de traduzir, de interpretar os homem.

Brinquei de tudo e continuo brincando. Se a velhice me acometeu nestes 65 anos,  Foi pra mim florescer a minha juventude…Nunca toquei tanto, nunca compus tanto, nunca tive tanta tesão, nem tive a alma tão aberta para compreender o infinito.

Mais fatos.

Hoje , na minha solidão, eu contemplo o quanto fui bom na vida… Nunca ninguém pegou no meu braço e me pediu uma coisa, que eu pudesse fazer, e que eu de imediato atendesse… Ainda hoje, quando alguém me implora alguma coisa o meu coração chora, e a minha alma se ajoelha…

E sua infância?

[Não respondeu]

Como brincava?

[Não respondeu]

Quando deixou sua terra?

[Não respondeu]

Que coisas tem feito?

[Não respondeu]