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Redação itinerante e colaborativa

Fundador do Navegos, o escritor e jornalista Franklin Jorge analisa a Escuela Móvil de Periodismo Portátil, criada pelo chileno Juan Pablo Meneses, na qual o leitor interage com as notícias postadas na internet

Franklin Jorge

Em entrevista ao site Jornalismo nas Américas – cuja equipe é formada por alunos da Universidade do Texas (EUA) e tem versões em português, espanhol e inglês –, o blogueiro e escritor chileno Juan Pablo Meneses propõe-nos o que ele definiu como “jornalismo portátil”, produzido longe das Redações. Uma nova forma de jornalismo que usa o mouse e o celular, instrumentos que representam a revolução digital em processo.

Seu projeto é fazer “jornalismo na rua”. Sua Redação móvel seria o próprio mundo, motivo pelo qual tem se deslocado por diversos países, escrevendo e interagindo com os leitores que com o advento da internet se rebelaram contra a tirania dos editores e jornalistas que, além de só publicarem e escreverem sobre o que conhecem – a banda de rock de que gostam, o bar onde vão beber com a patota, a cafeteria onde jogam conversa fora, o time pelo qual torcem, a corrupção do prefeito ou do presidente da associação do bairro etc. Enfim, a gororoba que o leitor já não suporta mais engolir sem fazer caretas ou sem sentir náuseas.

Publicada no site do Centro Knight, da universidade norte-americana, a entrevista é ao mesmo tempo um documento que deveria ser lido por todos, servindo de objeto de reflexão para donos de jornais, editores e jornalistas que não desejam perder seus empregos. Sobretudo, devia ser discutida em sala de aula, por mestres e alunos que queiram ampliar seus horizontes intelectuais, sem temerem se aventurar em âmbitos desconhecidos.

Entrevistado por Paul Alonso, declara o seu propósito de escrever tudo o que puder, em qualquer lugar, porque acredita que jornalismo se faz na rua e, mais do que isso, tem que ter a participação do leitor. Não como fazemos aqui, abrindo espaço para literatos de terceira categoria que afagam assim a vaidade em busca de prestígio,  mas   para   aqueles   leitores

entrevista ao site Jornalismo nas Américas – cuja equipe é formada por alunos da Universidade do Texas (EUA) e tem versões em português, espanhol e inglês –, o blogueiro e escritor chileno Juan Pablo Meneses propõe-nos o que ele definiu como “jornalismo portátil”, produzido longe das Redações. Uma nova forma de jornalismo que usa o mouse e o celular, instrumentos que representam a revolução digital em processo.

Seu projeto é fazer “jornalismo na rua”. Sua Redação móvel seria o próprio mundo, motivo pelo qual tem se deslocado por diversos países, escrevendo e interagindo com os leitores que com o advento da internet se rebelaram contra a tirania dos editores e jornalistas que, além de só publicarem e escreverem sobre o que conhecem – a banda de rock de que gostam, o bar onde vão beber com a patota, a cafeteria onde jogam conversa fora, o time pelo qual torcem, a corrupção do prefeito ou do presidente da associação do bairro etc. Enfim, a gororoba que o leitor já não suporta mais engolir sem fazer caretas ou sem sentir náuseas.

Publicada no site do Centro Knight, da universidade norte-americana, a entrevista é ao mesmo tempo um documento que deveria ser lido por todos, servindo de objeto de reflexão para donos de jornais, editores e jornalistas que não desejam perder seus empregos. Sobretudo, devia ser discutida em sala de aula, por mestres e alunos que queiram ampliar seus horizontes intelectuais, sem temerem se aventurar em âmbitos desconhecidos.

Entrevistado por Paul Alonso, declara o seu propósito de escrever tudo o que puder, em qualquer lugar, porque acredita que jornalismo se faz na rua e, mais do que isso, tem que ter a participação do leitor. Não como fazemos aqui, abrindo espaço para literatos de terceira categoria que afagam assim a vaidade em busca de prestígio, mas para aqueles leitores anônimos que discordam daqueles que querem impor opiniões, contradizendo assim verdades fossilizadas.

Juan Pablo Meneses não é partidário da polêmica pela polêmica, mas, sim, que tenhamos formadores de opinião mais conscientes de que o seu trabalho se confronta com diferentes formas de pensamento, e que o debate e a análise se fazem necessários, pois o leitor não quer o prato feito, morno e insípido, cozinhado por profissionais da comunicação que não são capazes de levantar as nádegas da cadeira giratória. O leitor quer a diversidade e a liberdade de expressão. Algo muito mais simples do que o que toda essa pirotecnia que se faz por aqui, no intuito de homogeneizar ideias e domesticar talentos.

Há cinco anos, vive pelo mundo, vendo e escrevendo sobre linchamentos, festas, contrabandos, invasões e violência policial. E transmitindo sua experiência profissional através de oficinas de jornalismo, em diferentes cidades da América Latina e da Espanha. Hoje, suas oficinas têm alunos conectados em mais de vinte países, o que deu ensejo ao surgimento da Escuela Móvil de Periodismo Portátil.

Ele é defensor apaixonado do “comentarista anônimo”, que se serve da internet para intervir no texto acabado, produzido por jornalistas. Ora!, os leitores é que são os verdadeiros donos dos jornais, não seus editores e repórteres, quer dizer-nos esse polêmico jornalista itinerante. Os leitores estão cansados dos donos da verdade e querem se fazer ouvir. E para isto, desfrutam atualmente da blogosfera, metendo a sua colher nesse borbulhante caldo de cultura. É um poder extraordinário, admite, embora em muitos casos de má qualidade. Porém, não estamos vivendo numa sociedade que valoriza a quantidade em detrimento do mérito?

Franklin Jorge, diretor de Redação do Navegos, é autor dos livros “Ficções Fricções Africções” (Mares do Sul; 62 págs.; 1999), “O Spleen de Natal” (Edufrn; 300 págs.; 2001), “O Livro dos Afiguraves” (FeedBack; 167 págs.; 2015), dentre outros.

PELO MUNDO O escritor, historiador e jornalista chileno Juan Pablo Meneses, fundador da Escola de Jornalismo Portátil