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Quadrinhos do cotidiano e mercado

Colaborador de Navegos chama a atenção do leitor para o processo de transformação pelo qual vem passando o mercado de Quadrinhos, ao sobrepujar o mundo dos heróis pelas vicissitudes do cotidiano.

*Renato de Medeiros Jota

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Os quadrinhos contemporâneos que abordam a vida e cotidiano vem se mostrando um gênero cada vez mais presente no mercado, atraindo cada vez mais leitores novos e antigos, o motivo disso parece estar na capacidade de despertar interesse por histórias que tenham a ver com a intimidade e possibilidade de acontecer o que ocasiona uma ligação emocional, despertando curiosidade e interesse pelas consequências daquelas decisões que o personagem toma, pela simples proximidade com situações parecidas que tomamos na vida cotidiana.

Atualmente no mercado brasileiro temos alguns exemplos como por exemplo, citarei três, Nova York de Will Eisner da editora quadrinhos na companhia, A propriedade de Rutu Modan, publicada pela Martins Fontes e A casa, de Paco Roca da Editora Devir. O que tem em comum com esses quadrinhos é o tema ou assunto a respeito do cotidiano que leva ao leitor a criar um vínculo imediato com o assunto. Desse modo, o exemplo desses três quadrinhos mostra existir mercado para tal gênero e devido a isso a tendência é de crescimento de temas relativos ao cotidiano.

Cada vez mais esse gênero de quadrinhos vem se apresentando como alternativa para os quadrinhos de heróis, predominantemente presente no mercado, enquanto a fatia dos demais gêneros são relegados a segundo plano. Devemos aprender com o Mangá que aborda os mais diversos gêneros e assuntos sobre fantasia, terror, LGBTQI+, feminismo, etc. Nesse sentido defendo investirmos na diversidade de gênero e explorar os mais diversos interesses do público leitor, pois só desse modo podemos despertar e influenciar a leitura e formar leitores pelo país. Insistir em apenas um gênero de quadrinho é suicídio já que nem todo o público, que no caso de leitores são poucos, gostam de apenas um gênero ou não gosta de nenhum já que se reduz a um ou dois.

Muitas dessas hqs são chamadas de quadrinhos do cotidiano, porque as situações e aventuras acontecem por meio de acontecimentos corriqueiros e comuns que poderia ocorrer com qualquer um dos leitores, por isso despertam nossa simpatia de imediato. Construir a relação entre leitor e narrativa gráfica é importante, principalmente, para criar o interesse necessário para despertar no leitor, o gosto tanto para a leitura como o interesse. Para isso, é necessário considerar que esse nicho de quadrinhos ganhando cada vez mais espaço é suficiente? Na minha percepção, não! Necessitamos procurar investir em outros gêneros como humor, biografia, aventura, ficção cientifica e terror. Todos esses gêneros possuem admiradores e leitores, em menor ou maior grau, são necessários para incentivar e estimular o interesse dos leitores investir nesse nicho e tentar ver além da mesmice que existe no mercado. Sugiro a todos aqueles tentarem ler outros tipos de gêneros além do já cardápio de leitura costumeiro e enfadonho que são exibidos nas bancas, comic shops, nas amazons da vida e demais revendedores. Agradeço a todos a atenção e até!

Abração.