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Porque navegar é preciso

Em seu primeiro aniversário Navegos dá início à reprodução de crônicas de Luís da Câmara Cascudo e se prepara para abrir sua loja virtual onde terá canecas com estampas especialmente criadas por nossos melhores artistas e comercializará livros do selo Feedback, mantenedor desta publicação e parte ativa do futuro Instituto Franklin Jorge, ainda em organização.

Da Redação

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Navegos implementa até o final do mês algumas novidades, a começar amanhã pela publicação de crônica semanal do polígrafo Câmara Cascudo, como resultado de parceria entre a Feedback – que na revista seu braço midiático – e o Ludovicus – Instituto Câmara Cascudo, dirigido por Daliana Cascudo, que sucedeu Anna Maria Cascudo Barreto no cargo de importante e bem cuidada instituição cultural que nos enche a todos de orgulho. Trata-se da seção Actas Diurnas, que divulgará regularmente textos já publicados pelo autor há 80 anos atrás no jornal de Pedro Velho, também conhecido como A República.

Mestre no gênero caracteristicamente brasileiro e jornalístico, por suas peculiares que diferem da crônica inglesa que conta a história dos reis, Cascudo seria o nosso Vieira Fazenda, o médico carioca que faz o maior e mais notável registro sobre a vida cotidiana na Cidade de São  Sebastião do Rio de Janeiro, sem dúvida, um dos mestres do próprio Cascudo, que terá percebido no gênero um inesgotável e espirituoso filão.

Morador da Rua Santa Luzia, nas imediações da igreja consagrada à padroeira de Mossoró, era  José Vieira Fazenda (1847-1917) um incansável anotador das ocorrências da vida privada, nos tempos de El Rey, notabilizou-se como observador sagaz e médico caridoso que saía de casa em casa, todos os dias, para socorrer os enfermos e enriquecer o seu acervo cultural de experiências feito. Nascido na Rua do Cotovelo, que mais tarde teria o seu nome, deixou-nos entre outras obras menores, Antiqualhas, em cinco volumes e Memórias do Rio de Janeiro, fazendo da cidade personagem e fonte provedora de ideias e ocorrências.

Admirador de ambos, do cronista carioca e do potiguar, o Fundador de Navegos faz da revista digital e colaborativa o veículo que se enriquece a cada edição, o meio ideal para reviver o mestre norte-riograndense e aproxima-lo das novas gerações através das velhas figuras que ele resgatou do esquecimento, dando-lhes uma segunda vida que só se faz possível através da criação literária e artística de que somos aqui bastante carecidos, já que as instituições ditas ‘’culturais’’ se esmeram em promover festas e funçanatas, em vez de promover o conhecimento e preservar o nosso combalido e escasso patrimônio histórico, artístico e cultural.

Navegos veio para preencher uma lacuna teimosa e sem fundo, produzida por gestores arrogantes e culturalmente malformados que só servem de maneira efetiva e imprópria à vaidade e aos interesses de seus padrinhos, os políticos que tanto mal tem feito à memória cultural do estado e aos verdadeiros talentos da nossa cidade.

Cremos que ao republicar o sempre necessário e novidadeiro Câmara Cascudo sob a forma de crônicas que revisitam uma Natal que não mais existe, prestamos um grande serviço aos pesquisadores da nossa história provinciana.

Em destaque, o interior do ludovicus, onde por muitos anos residiu o escritor da cidade; acima, Luis da Câmara Cascudo lendo.