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O que Kafka e Proust têm em comum

O “eu odiável” de Charles Baudelaire, entrevisto aqui por um dos grandes estudiosos do poeta e crítico francês, representa uma verdade transparente e cristalina.

*Walter Benjamin

Há algo que Kafka tem em comum com Proust e, quem sabe se isso também se encontra em outro lugar. É sobre o uso do “eu”. Quando Proust em sua recherche du temps perdu, Kafka em seus diários, dizem “eu”, em ambos ele é igualmente um self transparente, um self cristalino. Seus quartos não possuem cores locais; todo leitor pode habitá-los hoje e deixá-los amanhã. Observe-os e conheça-os por dentro, sem ter que depender nem um pouco deles. Nestes autores o assunto adquire a coloração protetora do planeta, que nas próximas catástrofes se tornará cinza.

Walter Benjamin
Anotações de junho de 1934

Foto: Walter Benjamin