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Em poucas palavras, Nelson Rebouças deixa tudo às claras

Produtor cultural denuncia monopólio da cultura de Natal e RN por gestores ineptos e esclarece sobre a situação humilhante a que nossos artistas são submetidos pelo arbítrio de uma elite dinástica

*Franklin Jorge

Trabalhando há mais de 40 anos com produção de eventos, tem alguma opinião formada sobre a atuação e eficácia das nossas instituições culturais?

Eficácia? Somente do produtor e artista, para se fazerem presentes em dia e horário combinados pelos gestores, conforme as necessidades, deles, os contratantes, quando precisam de nossos serviços!

 Como outros artistas e produtores locais, já foi vítima de calote das autoridades?

Isto faz parte do processo de gerenciamento da cultura e funciona bem e rapidinho. Sempre contratam sem provisão de fundos, para satisfação de seus interesses. Temos de lutar para receber os pagamentos por nossos trabalhos.

Quem, dentre os gestores do presente e do passado, deu mais calotes?

Se for pra citar estado, a turma do PT, na gestão de Wilma de Faria! Foram muitos os Calotes. Rompi uma amizade de mais de 20 anos com o Crispiniano Neto, por este motivo.

Todos os artistas fazem esse mesmo tipo de reclamação desde que me tenho atuado nessa área. Dácio Galvão, atual secretário de cultura, me surrupiou 2 mil reais de um pró-labore referente a participação em mesa redonda sobre Câmara Cascudo, na penúltima edição do Festival Literário, quando ele era presidente da Funcarte. A que atribui essa dificuldade quem enfrentam os artistas e produtores culturais locais para receber os cachês?  Quais são os maiores empecilhos que enfrentam?

Eles contratam sem a disponibilidade de verba! Não somos prioridades para os gestores culturais. Alguns falam em migalhas e, ainda assim, levam-se meses para o pagamento.

 No meu caso, Franklin Jorge, os 2 mil reais que a Prefeitura de Natal me deve desde 2014 teriam caído em “exercício findo”…Acha justo os cachês dos artistas locais em relação às subcelebridades de fora?

Quer me provocar risadas?

 Há algum calote, em particular, que lhe chamou a atenção?

Dois: 1) para receber R$ 10.500,00 da Fundação José Angústia, relativo a sete 7 sete shows pelo projeto “POTICANTO”. 2) R$ 10.000, da Funcarte na gestão Micarla de Souza.

Muito baratos esses shows. Vcs ganhariam o quê?

Eu, como produtor, nada! Como já disse, não tenho nenhum estímulo para trabalhar com a Funcarte! Colocar um artista no palco sem saber quando vou repassar seu cachê, tô fora ! Se eu tivesse condições financeiras, ou cara de pau, boataria sim!

Como nos dos artistas conseguem comer?

[Nelson Rebouças não respondeu]

Os Editais têm alguma serventia?

Têm sim. Se fossem cumpridos conforme o prometido! “Taqui a grana, execute o trabalho”. Mas não é o que acontece. Eles colocam o artista em cena com o papo “o dinheiro tá saindo…”

Quem lucra com a chamada “economia criativa”?

Hoje? Muito mais o proponente! O artista é quem menos ganha nesse processo.

Carlos Eduardo foi bom para a cultura?

No primeiro mandato, tanto ele quanto o Dácio, sim! Mas depois secaram a quantidade de artistas que queriam um grande palco, uma excelente sonorização para mostrar seu trabalho, e deixaram o compromisso financeiro pra depois!

Artista plástico, artesão, ator.  escritor, Nelson Rebouças também atua com produções culturais desde 1979, quando teve a oportunidade de iniciar suas experiências com nomes como Ivan Lins, Kleiton e Kledir, Zizi Possi, Gonzaguinha, Ivone Lara, dentre outros.