• search
  • Entrar — Criar Conta

Cascudo implica com o patrono da rua

Colaborador de Navegos descobre, em pesquisa, a reação do historiador Luís da Câmara Cascudo à escolha do nome de general para denominação de rua em Natal.

*José Vanilson Julião

A vasta obra do escritor Luís da Câmara Cascudo é irretocável. E o articulista tem a audácia de encontrar um lapso do intelectual nos escritos da coluna “Actas Diurnas” no diário “A República”.

O mestre passou despercebido, foi displicente, crítico pela escolha ou irônico ao desconhecer a origem do patrono de uma rua da provinciana capital? Até pela proximidade com os acontecimentos na “Velha República”. O achado tardio se deve ao vasculhar de assuntos para este Navegos.

Provavelmente não houve intencionalidade ou proposito. Mas as gafes podem ser avaliadas pelo leitor em postagens em dois sites culturais. A primeira numa iniciativa do escritor Eduardo Alexandre, que revisita em deles o trabalho “Plano Palumbo – Ribeira In Crônicas de Origem – A cidade do Natal nas crônicas cascudianas dos anos 20 – Raimundo Arrais (Organização e Estudo Introdutório).”

O personagem relegado ao segundo plano, por isso o incrível da história, é um dos que assinaram a primeira Constituição republicana (reprodução). E está “escondido” nos dois artigos com o mesmo título em datas diferentes: – O novo plano da cidade (30/10 e 7/11/1929).

No segundo: – O novo quarteirão que substituirá a Praça Leão XIII terá como limites as ruas Nísia Floresta, Sachet, Tavares de Lyra e a futura praça. Esta, no lado sul, virá a Rio Branco, que, passando as ruas Sul e Norte (lado direito da Doméstica (escola) e esquerdo do Carlos Gomes (teatro), atingirá aí o seu termino. A Rua General Glicério (porque este nome?) ficará retificada.

O terceiro artigo (8/8/1947) é reproduzido no outro site (2/5/2021) como complemento do texto com o título “Nicolau Bigois, o austríaco da água encanada e das ruas de Cidade Nova” e o subtítulo “Câmara Cascudo escreve que a cidade de Natal deve a Bigois o povoamento de futuros bairros e a participação em muitos setores.”

Na Acta Diurna: – Por volta de 1884 às casas de palha iniciavam a futura e problemática Rua de Santo Amaro, Rua General Glicério atualmente e por motivos que ignoro e certamente o leitor não sabe, esse nome ficou…

Francisco Glicério de Cerqueira Leite (Campinas, 15/8/1846 – Rio de Janeiro, 12/4/1916), republicano e abolicionista, o pai descendente de antigas famílias paulista, a mãe ex-escrava. Depois de trabalhar como tipógrafo, professor de primeiras letras, escrivão cartorial e como “advogado provisionado”, se envolve no golpe (15/11/1889) que derruba a Monarquia.

Foi vereador, governador interino e no governo provisório assume a pasta da Agricultura e após sair do ministério elege-se deputado federal (1891/1899) e senador (1902/1916) com o dobro dos votos do concorrente.

O general honorário (Exército ou Guarda Nacional pela divergência das fontes) tem participação no Manifesto Republicano (3/12/1870) e convivência com Américo Brasílio de Campos, Luís Gonzaga Pinto da Gama, Aristides da Silveira Lobo (nome de rua em Lagoa Seca), Quintino Antonio Ferreira de Souza Bocaiúva, Bernardino José de Campos Júnior, Benjamin Constant Botelho de Magalhães e Manuel Ferraz de Campos Sales.

Consulta na internet indica que é nome de rua nas Rocas; rua e praça no bairro das Laranjeiras, Zona Sul do Rio de Janeiro; nos municípios paulistas de São José do Rio Preto, Itapetininga, Jaboticabal, Salto, Santo André e Araçatuba; Aparecida de Goiânia.

 

FONTES

Campinas Virtual

Fundação Getúlio Vargas

Substantivo Plural

Típico Local

Wikipedia