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Carta a Mary Shelley

Colaborador de Navegos, na persona de poeta inglês que viu na arte uma forma de alegria e jovialidade, escreve à autora de Frankestein.

*Cleber Pacheco – Escritor, Crítico e Doutor em Letras.

Querida esposa,

Estava eu com o nosso amigo Byron quando recebi o teu manuscrito intitulado Frankenstein. Foi uma grande surpresa para ambos, uma vez que havíamos esquecido por completo nossa anterior proposta de escrevermos a mais horripilante e macabra das histórias. Assim sendo, foste tu a única a cumprir o trato. Sentamo-nos sob a luz do lampião e da lua para mergulharmos em tua extraordinária invenção.

À medida que avançávamos a leitura, alternando os papéis de leitor e ouvinte, cada vez mais nos convencíamos que o verdadeiro Prometeu só poderia ter sido uma mulher e não um homem. Ninguém mais ousaria roubar o fogo dos deuses e entregá-lo à raça humana.

Minha adorada Mary, assustado fiquei contigo e horrorizei-me ao descobrir com quem me casara. Porque só então percebi, mesmo tendo escrito tanto a respeito, em que consiste o verdadeiro amor. Por tal revelação, te agradeço.

Eternamente teu,

Percy Shelley.