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80 anos da Rádio Educadora (VIII)

Pesquisador e Colaborador de Navegos resgata e amplia o que já sabíamos sobre os primórdios da radiofonia em terras de Poti.

*José Vanilson Julião

No decorrer da série muitas as personalidades citadas que, certamente, voltarão a ser. Conforme a necessidade como atores da história (voluntários ou não). Sem tipificação de importância dentro dos fatos relacionados entre si. Alguns com maiores detalhes de vida, outros com poucos pormenores.

Agora convém discorrer sobre alguns dos 18 envolvidos na organização da REN. Luís da Câmara Cascudo dispensa atenção por motivos óbvios, portanto “hors concour” (fora da lista). O tamanho da “biografia” depende dos dados disponíveis nas fontes. Por ordem alfabética:

1 – Aderbal de França (5/1/1895 – 25/5/1974), jornalista, começa em “A República” (1928), funda “O Diário” (1939), com Djalma de Albuquerque Maranhão, Valdemar Araújo e Rivaldo Pinheiro. Com o pseudônimo “Danilo” é considerado primeiro cronista de social de Natal. É um dos fundadores da Academia de Letras/RN.

2 – Francisco Ivo Cavalcanti, filho de Ivo Cavalcanti de Andrade e Vitalina Evangelina, professor (Escola Normal, Atheneu e Faculdade de Direito), jornalista (“A República”, “A Razão”,”Diário de Natal” e “Jornal do Comércio”), poeta, contista, dramaturgo e diretor teatral. Publica poesia (“Crisantemos”) em 1906, “Contos e Troça-Loucuras” (1909) com Jorge Fernandes e “Cartas para a Eternidade” (1947).

Escreve “Sônia” (1913), comédia dramática; “Esses Primos” (1914); “O Motivo”, costumes, e “O Flagelo”, em 1915; “Em Apuros”, “Um Chá Complicado” e “Sopa no Mel”, em 1916; “O Jovem e Inolvidável” (1917). E dramas; “Além”, crítica social; “O Degenerado”, em três atos (1916); e “Renúncia e Infâmia” (1940)80.

3 – Januário Cicco (São José do Mipibi, 30/4/1881 – Natal, 1/11/1952), filho do imigrante italiano Vincenzo De Cicco e da norte-rio-grandense Ana Albuquerque, forma-se na Faculdade de Medicina da Bahia. Escreve “O Destino dos Cadáveres” (1906), “Memórias de um Médico de Província” (1928) e “Eutanásia” (1932). Dá nome a maternidade-escola da Universidade Federal.

É o mentor da construção do Hospital de Caridade Juvino Barreto (12/9/1909), construído no monte Petrópolis, no terreno em que ficava a casa do presidente (governador) Alberto Maranhão. Depois “Miguel Couto” (1935), embrião do atual Hospital Universitário Onofre Lopes (a partir de 1984 em homenagem ao médico e ex-reitor da UFRN).

4 – João Galvão Filho, comerciante, sócio da mais antiga casa atacadista de tecidos (Rua Chile). Viúvo de dona Maria Rosaura Brandão Galvão (Rosinha), a uma semana de completar anos, falece aos 81, ás 6h35, em casa (segunda-feira, 3/12/45).

5 – José Alves dos Santos, representante do automóvel Ford, sócio-gerente da firma M. Martins & Companhia.

6 – José Elpídio dos Santos, funcionário da Fazenda estadual cedido ao Tribunal de Apelação (atual Tribunal de Justiça).

7 – Paulo Pinheiro de Viveiros (Natal, 18/6/1906 – 11/12/1979), professor e advogado, sócio fundador da Ordem (secretário na diretoria provisória com Ivo Filho presidente), seção potiguar. Patrono da cadeira 36 da Academia de Letras. Primeiro diretor da Faculdade de Direito de Natal.

8 – Severino Alves Bila nasceu em “Banabuyé”, atual Município de Esperança, filho do casal Matias Avelino Alves e Maria Virgolino da Silva. De chofer instala oficina mecânica na Rua Chile 164, na Ribeira (1937), ingressa na importação de mercadorias.

Era representante comercial da Chevrolet, estabele em Campina Grande uma distribuidora de pneumáticos (1935). Esta agência desliga-se da matriz natalense (1946), com gerência do cunhado Raimundo de Melo Luz, participando Bila como sócio solidário.

Em memórias para a Revista Manaíra de Rau Ferreira, cuja cópia digital é fornecida pelo pesquisador Jônathas Rodrigues Pereira, diz Hortênsio de Souza Ribeiro do velho amigo: “Era um homem sem arestas de temperamento. Amável e desprendido, a todos acolhendo. Mesmo atingindo o pináculo dos negócios, conserva a simplicidade”.

Severino era casado com Dulce Santos Alves Bila. Filhos: Francisco Elder, Fernando e Flauber. O empresário faleceu em 17/3/1946 no Hospital Português (Recife). Na Avenida Duque de Caxias constrói edifício que leva o nome dele.

9 – Waldemar de Almeida (Macau 24/8/1904 – São Paulo, 26/5/1975), filho de Cussy de Almeida e Coríntia Henriques, estuda no Atheneu e na Escola de Comércio. Desperta vocação para a música, embora contra a vontade do pai, que deseja encaminhá-lo ao comércio.

Aos dez anos participa das audições de piano no Teatro Carlos Gomes, interpretando a “Sonata Patética” e a “Sonata ao Luar” de Beethoven. Estudar música no Rio de Janeiro com os professores Luciano Gallat, Agnelo França (harmonia) e Lima Coutinho (teoria da música).

No oitavo ano do curso transfe-se para Berlim, aperfeiço estudos de piano com mestres os Walter Burle Marx, Ruldof Hauschild Wilhelm Forck.Após quatros anos na Alemanha segue para Paris, a convite do amigo Audifaz de Azevedo, que custeia os estudos.

Na capital francesa estuda com o pianista Flado Perlemutter durante dois anos. Em férias, com a revolução de 1930, passa a dar aulas de piano as senhoras da sociedade. É nomeado professor de música e canto orfeônico do Atheneu. Funda o Instituto de Música, a pedido do Interventor Bertino Dutra.

Foi professor de canto orfeônico do Marista. Cria a revista “SOM”. Em 1949 foi eleito membro da Academia Norte-Rio-Grandense de Letras, ocupando cadeira 18, com patrono Augusto Severo. A redução da subvenção anual do instituto de Música fez com que Waldemar fixar-se no Recife (1950). Reinicia o curso particular de piano.

Foi eleito o primeiro presidente da Ordem dos Músicos de Pernambuco. Foi catedrático de Música e Canto Orfeônico da Escola Normal de Pernambuco. Cursou no Recife a Faculdade de Direito (1955). É sócio correspondente da Academia Brasileira de Belas Artes.

Escreve para piano “Paisagens de Leque”: “Valsa Nobre 1”; “Borboletas”; “Passeio às Rocas”; “Desfile de Quintal”;  “Acalanto da Bela Infanta”; “Realejo”; “A Baronesa”; “Camundongo Mickey”. Ainda: “Dança de Mamulengo”, “Dança de Índios”; “Divertimentos” (1, 2, 3 e 4); “Tocata”, “Invocação 1 e 2”; “Valsa Nobre 2”; “Pastoral”; “Brincando com Teclas”; “Acalanto e Modinha”; “Noturno em Mi  Bemol Menor”; Prelúdio 1 e 2”; “Dancinha”; “Fantasia para Dois Pianos ”; “Hino dos Estudantes do Rio grande do Norte”; “Hino a Santana”; “Hino a São Judas Tadeu”; “Canto Guerreiro” e “Canto da Raça”.

Livros: “Normas Pianíticas”, “Do Recife a Varsóvia”, “Do Recife a Dallas” e “Hino Naconal Brasileiro”; conferências “Carlos Gomes, O Interprete da Alma da Raça”, “Canto Escola do Bem”, “Cristo e a Música”, “Listz e sua  Música”, “Como aprender a ouvir Música”, “A Música nas Universidades”, “Villa Lobos”, “O Martírio do Hino Nacional” e “Música de Câmera”.

 

FONTES

A Ordem

Almanaque Laemmert

Tribuna do Norte

História Esperancense

Jota Maria

Natal das Antigas

O Baú de Macau

Ordem dos Advogados do Brasil/RN

Tok de História

Universidade Federal do Rio Grande do Norte

História do rádio no Rio Grande do Norte – José Airton de Lima – Ed. Coojornat (1984)

Revista Manaíra (65/Dezembro – Campina Grande/PB (1950)